Museu Paulista
EM CONSTRUÇÃO
"O MUSEU PAULISTA, criado há 110 anos, mais conhecido como Museu do Ipiranga, Museu da Independência, é desde 1988 um órgão de integração ligado à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária – PRCEU/USP, com “responsabilidades científicas, culturais e educacionais no domínio da História da Cultura Material da sociedade brasileira”1. É formado por dois museus, em duas cidades: um em São Paulo, no bairro do Ipiranga, e outro em Itu, o Museu Republicano “Convenção de Itu”. Como qualquer outra instituição cultural de longa vida, foi sendo transformado e adaptado às circunstâncias dos momentos. O Museu Paulista está localizado em São Paulo é um dos quatro mais antigos do País, e o em Itu, de 1921, antecede o Museu Histórico Nacional, datado de 1922.
O Museu, ao longo desses cento e dez anos de existência e atuação, transformou-se de Monumento à Independência localizado na cidade de São Paulo, ou de monumento ao movimento republicano em Itu, em ícone nacional, no sentido de ser emblemático da história nacional em dois momentos de conotação política, que são marcos de identidade – Independência e República – e podemos hoje considerá-lo fonte “autorizada” dos elementos da representação visual histórica da sociedade brasileira e de sua memória histórica.
A realização sistemática de análises historiográficas aprofundadas é fundamental para a reflexão sobre o significado da história produzida e construída, da narrativa visual, materializada, para a superação crítica dos elementos consensuais e conhecidos da valorização do passado heróico da colonização, das lutas da Independência, da construção do Estado imperial, e depois do Estado republicano como obra exclusiva de um determinado grupo social – uma memória social construída sob a óptica conservadora. No último quartel do século XX, com as transformações do conhecimento histórico na tradição ocidental européia, ampliando as possibilidades de trabalho dos historiadores e com a introdução dos conceitos de “invenção das tradições”, “memória social” e de “representação histórica” é que análises mais críticas se tornaram possíveis. O museu hoje funciona como um ícone, ou seja, “...coisa emblemática do seu tempo, do seu grupo, de um modo de agir e pensar; imagem, retrato, imagem refletida em espelho, simulacro, fantasma, imagem de espírito, semelhança; imagem, representação mental, retrato...”, como define o dicionário."
Um museu para o século XXI: o Museu Paulista e os desafios para os novos tempos
Raquel Glezer